E que tal passear de Dodge no sábado?
quarta-feira, 6 de junho de 2012
inauguração oficial
Esse povo muito me impulsionou para a realização deste blog. A eles (entre muitos outros) presto minha singela homenagem, com direito até a pizza, em dia de inauguração oficial. Na foto comigo: Ana, André, Mari, Marcos, Alexandre, Melissa, Marley, Carlos, Irene e Marco Paulo.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Explode Pedreira!
Voltando ontem do trabalho para casa fui surpreendido ao ouvir pela rádio do carro que – na próxima segunda-feira (4 junho) – serão abertos os envelopes que decidirão que empresa explorará comercialmente os espaços culturais da Pedreira Paulo Leminski, da Ópera de Arame e do Parque Náutico do Iguaçu, em Curitiba. Considero-me uma pessoa razoavelmente bem informada e interessada pelos assuntos do mundo em geral e de minha cidade em particular. Pergunto-me então, como eu nunca ouvi falar sobre isso? Estamos às vésperas dessa decisão de tamanha magnitude e eu só soube disso agora?!
E você, você sabia? Você fazia idéia de que isso estava acontecendo? De todos a quem perguntei recebi a mesma resposta: ‘não’. Talvez você se inclua nesse grupo e talvez seja ainda pior: pode ser que - sem ler esse texto - você só ouvisse falar no assunto quando tudo ‘já fosse parte do passado’, isto é, quando o nome da felizarda companhia já estivesse retumbando pelos canais de comunicação dessa cidade, ou – quem sabe? – inscrito no ingresso que você tivesse adquirido para um eventual evento.
Puxei lá do fundo da lembrança as palavras que um dia ouvi (também pelo rádio) de um dos administradores de Curitiba, ao referir-se às faixas verdes pintadas sobre as ruas, anunciando a presença de lombadas eletrônicas. Naquela oportunidade, ele disse que era dever do Estado a vigilância e a educação quanto ao trânsito em primeiro lugar, que isso precedia a idéia de punir, que essa atitude de não avisar onde estava a lombada poderia ser vista como se o Estado estivesse ‘escondido atrás da moita’, apenas aguardando para avançar no bolso do ‘motorista desavisado’.
Ora, quanta nobreza! Mas e agora? Será que não era necessário ter os mesmos cuidados e elegância? Será que essa atitude de não divulgar abertamente a existência de um edital de licitação nesse sentido não poderia ser vista como uma espécie de ‘manobra’ com a intenção de nos fazer engolir uma decisão que talvez não nos favoreça a todos igualmente, ou melhor, que talvez interesse somente a alguns – bem poucos – de nós? Por que não houve agora tanta clareza? Onde foram parar a transparência e o princípio da publicidade?
A licitação prevê a exploração dos referidos espaços por um período de 25 anos. Será que não é muito? Alguém de nós (e eu não me refiro a alguns poucos beneficiários das concessões) está plenamente satisfeito com o contrato ‘multidécada’ das concessionárias das estradas, que acabou por originar tarifas de pedágio astronômicas nas principais rodovias do Paraná? Entra governo, sai governo e o discurso de revisão do pedágio é basicamente o mesmo. Ocorre que, de fato, o Estado está amarrado ao contrato absurdo feito ao tempo pretérito e agora, aquele mesmo Estado faz valer sua lei e – por conseguinte – impede a mudança da situação. Em outras palavras: o mesmo Estado que elaborou um contrato tão prejudicial também deve submeter-se às regras gerais dos contratos - impedindo sua revisão. Pior: deve fazer cumprir o contrato, movimentando até o Judiciário em defesa das concessionárias. Agora não seria mais prudente um contrato mais curto? Assim, se o Estado visse alguma incorreção ou impropriedade, poderíamos ter a possibilidade de acabar com a situação ruim antes que ela acabasse conosco.
A licitação também prevê que todos os espaços serão administrados pela mesma única empresa vencedora. Será que é uma boa estratégia entregar todo esse patrimônio para apenas uma única empresa? Não seria mais prudente que cada espaço fosse administrado por uma empresa diferente? Digamos, apenas por hipótese, que – por infelicidade – a empresa vencedora não cumpra exatamente aquilo que deveria apresentar como contraprestação, ou que o Estado (em legítima representação do povo) não esteja plenamente satisfeito. Será que não é muito pior correr esse risco com todos os espaços concentrados na mão de apenas um empresário do que com três diferentes?
Engana-se quem pensa que sou contra a privatização. Como todas as pessoas de bom senso, penso que cada caso é um caso, que o setor privado é muito mais competente do que o setor público para gerenciar certos aspectos da sociedade e que - por outro lado - o Estado não pode abrir mão do controle de alguns desses aspectos, sob pena da fragilização estrutural do país. A chave dessa equação repousa simplesmente na franca discussão de todos os valores envolvidos. Aqui se encontra o ponto central da indignação de muitas pessoas que – como eu – sentem-se enganadas por um poder público que sabe muito bem cobrar sua parte e que abertamente nos mostra todo dia o preço que pagamos quando deixamos de depositar nosso quinhão, mas que pratica ‘dois pesos e duas medidas’ e age veladamente em outras horas e em questões sobre as quais nós – como cidadãos – teríamos muito a dizer.
Todos nós curitibanos ajudamos a construir esses espaços com os nossos impostos, com uma parte do nosso trabalho de cada dia – há décadas! A Ópera foi aberta em 1992, o Parque em 1970! Quantos de nós já não nos deliciamos com uma apresentação na Pedreira, com uma formatura na Ópera? Será que não temos nada a dizer então sobre isso? Será que todos concordamos em entregar agora esses espaços a um único empresário pelos próximos 25 anos? É tempo suficiente para alguns de nós casarmos, termos o primeiro filho e até netos! É esse o legado que sonhamos deixar para eles? O legado de uma comunidade que constrói suas obras e apenas observa elas serem repassadas para umas poucas pessoas delas tirarem proveito?
Por que temos sempre a impressão de que vamos ser enganados? Por que temos sempre a impressão de que alguém vai ser beneficiado ilicitamente com as atitudes do governo? Democracia e representatividade implica o poder público não ter medo da população que representa e a população não desacreditar no poder público como seu legítimo representante. Não somos contra a licitação, somos contra a exclusão. Pode ser que se fôssemos ouvidos, se houvesse discussão aberta a respeito dessa concessão, chegássemos à conclusão de que o melhor a fazer, que a nossa melhor opção fosse exatamente aquela mesma à que chegou a Prefeitura, e então - em franca comunhão - elaborássemos o Edital de Licitação. Seria mais honesto para nós, mais honroso para o poder público, mais justo para os que nos sucederão.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
terça-feira, 22 de maio de 2012
BRASIL DA VERANEIO - VERANEIO DO BRASIL
Provavelmente nenhum outro carro nacional consiga representar tão bem uma época, um lugar, um país, como a Chevrolet Veraneio. Olhar esse carro hoje – tão grandão, tão robusto – a um só tempo desajeitado e elegante, é transportar-se para uma época em que se vivia um lindo sonho de bonança e ventura num grande país mergulhado em profunda tempestade.
De fato, é um carro muito forte, feito para durar. Na época em que foi concebido, o Brasil era outro, as estradas eram outras. Com pista dupla existia a Via Dutra, e talvez não mais do que outra meia dúzia de trechos menores ligando os pontos mais importantes. O resto eram estradas de asfalto simples, estradinhas de chão batido ou cascalho e verdadeiras picadas que cortavam a mata presente por todos os lados desse lindo país. Para essas ‘trilhas’ precisava-se de uma perua forte. Havia a Rural - da Willys (e depois Ford) - muito valente, e, no mais, eram os Jeeps e os Fuscas, que na lama também eram muito bons. Pedágio, socorro com telefone celular, GPS? Nem pensar. O tempo era um pouco mais rústico. Esse é o cenário em que se entende a Veraneio. E se naquela época, com aquelas estradas, esse carro era seguro e não quebrava, imagina hoje!
Na realidade, A Chevrolet se deu conta de que havia uma ‘lacuna não preenchida’ no mercado de automóveis da época: um carro robusto, mas também confortável e bonito, que servisse igualmente para o trabalho e para o passeio de toda a família. E assim, foi concebido o maior utilitário nacional já fabricado, realmente um gigante.
Hoje, por onde quer que passe uma Veraneio bonita, é comum ouvir-se comentários do tipo “meu tio tinha uma e a gente sempre saía pescar com ela...” ou ainda “eu dirigia uma igualzinha, quando trabalhava lá na Prefeitura...”, e por aí vai.
O carro, inicialmente batizado de C-1416, foi apresentado pela primeira vez no Salão do Automóvel de 1964, juntamente com a picape C-14. A perua seria a sucessora da Amazona da GM e as linhas de seu desenho eram modernas e elegantes. Economia não era o seu ponto forte mas, afinal, a gasolina também não era assim tão cara naquela época e para empurrar as quase duas toneladas do carro o motor não poderia gastar pouco mesmo. O ponto alto era o conforto, a maciez oferecida pela suspensão. Enfim, o carro agradou, mas não era barato.
Essa não foi a única estréia daquele ano. As duras condições da natureza e da rusticidade do Brasil eram agora acompanhadas pela dura condição da subsistência da vida das idéias e dos ideais, dos conceitos de grito e de silêncio, da guerra e da paz de todo dia e de cada um. O Brasil também inaugurava nesse ano uma era de medo e de meias verdades.
Coincidência ou não, a Veraneio nascida junto com o regime militar foi um dos instrumentos que mais o serviu. Ela era o objeto real que fazia lembrar o conceito subjetivo do poder, o grande objeto visível que ligava quem manda a quem obedece. O passeio que ela oferecia, no entanto, não era exatamente aquele idealizado por toda a família. Veraneio para o bem e para o mal. De forma singular e inusitada, a Veraneio passou do estágio de um simples veículo, vindo a ocupar agora um lugar definitivo no imaginário nacional, no simbólico da representação da história de um país. E foi assim que a ‘viatura’ ficou mais conhecida até os dias de hoje. O fato é que a Veraneio resistiu e sobreviveu ao regime militar, seu último modelo deixou a fábrica quase uma década mais tarde de o último general deixar o poder.
Ver uma Veraneio bonita passando hoje - e como que ‘se assenhorando’ das ruas que ela ajudou a contruir um dia - é sentir um lampejo da vida de um Brasil que não existe mais. Seu primeiro modelo ostentava o mapa do Brasil bem no centro do volante de direção. E no seu bagageiro enorme cabia todo o Brasil: o cheiro da mata, a brisa fria da manhã, o calor do sol sobre a areia da praia, a Panair, a Tupi, a Excelsior, o Repórter Esso, os Irmãos Coragem, o LP novinho em folha girando na vitrola, Evinha, Elis e a última bossa embalando o sonho dos noventa milhões em ação... Brasil do meu coração.
Ver uma Veraneio bonita passando hoje - e como que ‘se assenhorando’ das ruas que ela ajudou a contruir um dia - é sentir um lampejo da vida de um Brasil que não existe mais. Seu primeiro modelo ostentava o mapa do Brasil bem no centro do volante de direção. E no seu bagageiro enorme cabia todo o Brasil: o cheiro da mata, a brisa fria da manhã, o calor do sol sobre a areia da praia, a Panair, a Tupi, a Excelsior, o Repórter Esso, os Irmãos Coragem, o LP novinho em folha girando na vitrola, Evinha, Elis e a última bossa embalando o sonho dos noventa milhões em ação... Brasil do meu coração.
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